sexta-feira, 22 de maio de 2015

Sobre ser tia

Cresci rodeada de tios, meus pais são de família grande, então sempre tive quatro, cinco tios de cada lado (sem contar nos companheiros de cada um). Tenho lembranças maravilhosas da minha infância com eles, lembro das brincadeiras na casa da tia Tânia, dos doces da tia Ana, as festas na casa do tio Paulo, das idas na pracinha com a tia Núbia, das caronas do tio Nando, das descidas de skate na casa da tia Tetê e da vontade que eu tinha de dormir em um apartamento, realizada com a tia Marilde. Depois, na adolescência, lembro das festas na casa deles, dos natais, da viagem para Sapiranga na casa da tia Ângela e também da piscina da casa da tia Zete, que na verdade, é prima da minha mãe, mas é minha tia.
Ando pensando muito sobre isso porque agora sou tia também. Sou tia e não consigo pensar em morar longe deles, nem todos meus tios moravam em São Leopoldo, mas todos, sempre foram presentes. Meus sobrinhos vieram pra me ensinar muito sobre o amor e olha, Miguel tem só quatro meses e já entende o que eu sinto por ele. Dá saudades no meio da tarde, vontade de correr no meio da noite pra sentir o cheiro e exibir ele pra todo mundo, sim, acho que tias são até mais orgulhosas do que mães.


“Essa aqui é minha sobrinha”, dizia a tia Núbia. Sempre assim, com orgulho e com a paciência que só ela tinha. “Filha tu não gosta mais do tio?” era a pergunta feita sempre pelo meu tio Nando para pedir atenção. Os dois, nos deixaram, porém ficou uma admiração enorme por ambos que sempre estavam disponíveis (assim como todos os outros tios). Coisa que quero ser pra minha turminha, disponível.
Quero que eles saibam que quando choram, tenho vontade de tirar a dor deles com a mão. Que quero ser uma opção de colo para aqueles momentos de insegurança. Que meus bolos sejam do gosto deles, que minha casa tenha um quarto para bagunça. 

E ouvir muitas e muitas vezes o que eu disse pros meus tios e que sempre teve a mesma resposta.

-Tia pode montar uma barraca na sala?
-Pode!
-Tia leva a gente pra comer no Mc Donalds?
-Levo!
-Tia podemos passar uns dias aí?
-Pode, claro!
-Tia podemos levar o cachorro pra dentro da casinha?
-Pode, mas não força ele!


E assim sonho em juntar a turminha de sobrinhos, dois do meu lado, mais um do lado do Cris e mais os dois enteados. Ufa! Acho que vai dar trabalho... mas com certeza exibir esse tesouro da minha vida será muito bom! 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

A vida de um ansioso

Não julgu­e um ansioso. Ele não faz por mal. E garanto: ele gostaria de viver a vida de acordo com o relógio que as outras pessoas vivem.

É normal ficar ansioso por uma viagem, por um show ou até por uma festa. O ansioso, porém, é aquele que mesmo quando nada está acontecendo, tudo pode estar desmoronando. E, sim, ele precisa daquela resposta agora para poder salvar o mundo.


Não deixe um ansioso esperando. Não diga a ele que você tem algo para contar, mas não pode ser agora. Não o deixe quase entra em pânico ao observar aquele “escrevendo...” no Whatsapp e nada da resposta aparecer. Não peça para esperar sete dias úteis. Não se atrase. Ele com certeza começou a se arrumar uma hora antes do que precisava, justamente para não deixar ninguém esperando. O problema é que ele vai ficar pronto antes e vai ficar esperando. Não importa se forem 40 ou 10 minutos, será uma eternidade.

O ansioso já planeja a vida no primeiro dia do ano. Tem um feriadão em maio. Bom para viajar. Vou precisar começar a organizar tudo logo. Sim, ele acha que todos são iguais a ele e, portanto, não será fácil de achar vaga em hotel, nem assento disponível na janela do avião. É preciso correr! Ok, tudo pronto. Já sei até que roupa vou colocar. Só viajar. Mas pera... Vou ter que esperar todos esses meses ainda? Um verdadeiro horror!

O dia não tem apenas 24 horas quando um ansioso está esperando alguma coisa. E, às vezes, ele fica ansioso até sem ter algum evento programado, é só pelo esporte mesmo. Para o ansioso, a ansiedade é tipo um monstrinho que vai comendo seus órgãos internos um a um. Então, não julgue o ansioso. Ele só faz tudo isso, pois está ansioso para viver estes momentos com você!

quarta-feira, 18 de março de 2015

Minha vida é um seriado

Muito antes do Silvio Santos começar a assistir Netflix, eu já era viciada em seriados que o próprio SBT transmitia (e ainda transmite com umas mensagens subliminares da Jequiti). A minha paixão pelo irmão da Blosson, minha desenvoltura até hoje para fazer a dança do Carlton de Um Maluco no Pedaço, imitar o “que papo é esse?” do Arnold ou mesmo ficar repetindo as clássicas frases do Chaves, eu devo tudo ao Sílvio.

Mais do que amar acompanhar série, às vezes sinto que vivo em uma. Tipo The Truman Show, sabe? Sempre espero o momento em que vão me contar que esse roteiro de novela mexicana e todas as bizarrices que acontecem na minha vida são só para dar mais audiência.

Além disso, eu me envolvo muito com as histórias e com os personagens. Mas será que só eu sou assim? Quem nunca se sentiu amigo do elenco de Friends? Sempre que vejo algo da Ralph Lauren, lembro da Rachel, por exemplo. Ou quando alguém pede um pouco da minha comida, da clássica frase “Joey doesn’t share food”.

The Following, Homeland, True Detective, Dexter e outras do gênero, instigam minha super vontade de ser do FBI ou da CIA. Aliás, pra mim qualquer pessoa pode ser um psicopata. E acho que sei os planos certos pro crime perfeito.

E quem me prova que nós não perdemos a memória e somos, na verdade, de outro reino, como em Once Upon a Time? As coincidências que vivem acontecendo e essa coisa de até as pessoas mais improváveis se conhecerem, só faz sentido se essa for a explicação.



Abro um sorrisinho sempre que vejo um guarda-chuva amarelo. A série que mais me identifico com os personagens, com certeza, é How I Met Your Mother. Aprendi uma forma mais "legendary" de viver a partir das lições de Barney Stinson. Pensar menos, agir mais por vontade própria e colecionar uma série de histórias engraçadas para contar (ou não). Robin Scherbatsky e eu somos, praticamente, a mesma pessoa. Jornalista, com um jeito nada mulherzinha de ser, que sabe a escalação do time (no caso dela, de hóquei) do campeonato de sei lá eu que ano e com grandes dificuldades de expressar os sentimentos, mas que, no fundo, é super sentimental. Mas, quem sabe, eu seja mesmo parecida com Ted Mosby, uma eterna sonhadora e que não perde as esperanças de que tudo vai dar certo.


É inevitável. Não importa o seriado, sempre acho algum pedacinho da minha vida nele. Grey’s Anatomy, Sex and the City, Orange Is The New Black, Orphan Black ou, até mesmo, Três É Demais. Amo séries porque é possível se tornar mais nostálgico, pensar na vida, ter momentos sem nenhuma preocupação, dar risada, emocionar-se, envolver-se, aprender, viajar sem sair do lugar e aventurar-se na própria imaginação. 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O sabor da lembrança



E quem não guarda a lembrança de um lugar preferido? Não to falando da própria casa, mas sim de um lugar que foi uma ou várias vezes e que inspira lembranças boas. Esse “meu” lugar era minha casa da praia, era, porque esse foi o primeiro verão depois de 20 anos que não senti o cheiro do meu quarto, não dormi ouvindo o mar revolto, não fui ver o sol nascer na beira da praia. Vendemos a casa e foi muito, muito difícil. Vendemos por vários motivos, não vou entrar nesse assunto. Quero falar das lembranças que tenho de lá.
        Lembro exatamente do dia da mudança, era um final de semana em 1994, mãe, Carine (minha irmã) e eu fomos à cabine do caminhão e atrás, o Zeno (amigo da família) e o Marcelo (irmão de coração). Foi um dia com sol e chuva, o motorista do caminhão era um vizinho aqui de São Leopoldo  Lembro-me dele bater várias vezes no painel do caminhão e falar “não é pra dormir aqui” brincando, mas nos acordava. Lembro-me de chegar e ver o caminhão sendo descarregado, da casa ficando com jeito de “casa”. E do cachorro quente que fizemos de janta. 
Lembro-me dos anos seguintes, do primeiro veraneio do Lucas meu primo e das nossas brigas na infância. Porém, com o passar dos anos este mesmo primo se tornou o parceiro para tudo, festa, filmes de madrugada, seriados, joguinhos, conversas e leituras. 

      Naquela casa, lembro-me de comer branquinho com uvas feito pela tia Ana; das corridas nas dunas, dos jogos de taco na rua de areia ao lado, do luau com a fogueira de móveis que o vizinho descartou. Aliás, fogo era normal, com muitos matos ao redor, fogueira era rotina pra gente, até o dia que coloquei o pé na brasa e me queimei. Lembro-me da casinha montada com lixo, dos shows da Daniela Mercury, É o Tchan...
Lembro depois, já adolescente das festinhas que fizemos na garagem, dos reveillon´s  que eram uma verdadeira micareta familiar. Das vezes que vi o sol nascer, dos banhos de mar à noite e do inverno lá... adorava dormir com o vento batendo na janela! 

Aquela casa foi ponto de encontro da família e de amigos, nos primeiros verões, a casa abrigou vinte argentinos, até hoje não sei como tanta gente ficou na nossa casa, mas eu adorava aquela muvuca! Aliás, em novembro de 2012, relembramos isso com meus amigos estrangeiros: americana (1), espanhóis (2), colombiana (1), uruguaias (2), paraguaia (1). A casa abrigava todo mundo com a maior alegria e eu deixei todas essas lembranças. A casa estava sempre cheia e assim foi nossa última festa antes da mudança, com muita festa e casa lotada! 

Não sei se vou conseguir passar lá na frente, pelo menos não consegui nem pensar nisso durante esse primeiro verão. Talvez essa saudade não seja da casa em si, mas de tudo que ela representou na infância e na adolescência. Um dia quem sabe, levo meus filhos lá e conto as histórias, como as que ouvi dos meus pais sobre Imara. 


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Por que viajar sozinho?

Viajar está no topo da lista das melhores coisas da vida e é meu grande vício. Alguns dias de folga na semana do carnaval me permitiram saciar essa vontade. E já que não gosto dessa data (não por não gostar de festa, axé, funk ou qualquer música que a maioria tem vergonha de admitir que sabe cantar do início ao fim. Pelo contrário, sei os pagodes dos anos 90 e funks dos anos 2000. Não gosto é da perda de noção geral que essa época dissemina nas pessoas), esse ano resolvi fugir da folia e partir para uma aventura: viajar sozinha por uma semana na Argentina.

Não é todo mundo que entende quem faz isso. Aqueles olhares de “Que louca”, “Você não tem medo?”, “Por que vai sozinha?” são bem comuns. Vou sozinha porque eu quero, ué. Há pouco mais de um ano, tive a primeira experiência entre eu e eu mesma. Fui num show sozinha e, naquele dia, descobri que gosto muito da minha companhia. E assim foi na viagem. Estar sozinho é muito melhor do passar o dia inteiro de cara amarrada por causa de alguém. Ir para onde quiser, na hora em que quiser, sem consultar, nem contrariar ninguém. E com o tempo, você se acostuma a fazer os comentários para você mesmo e rir sozinho.

Tiveram momentos em que eu pensei: Caramba! O que que eu tô fazendo aqui?! Depois de caminhar o dia inteiro, com uma mochila pesada nas costas e tomar um mega banho de chuva, é natural quase chorar comendo um Mc Donalds, não é? Nessas horas eu lembrava das palavras de Donavon Frankenreiter: Don’t stop doing what you believe in, don’t let them put you on a shelf, you’re got to move by yourself, move by yourself tonight. Afinal, ter coragem é saber administrar os medos.


Aprendi com uma amiga uma palavra em alemão, que expressa essa paixão por desbravar o mundo. Wanderlust (wandern: a vagar, lust: desejo) ou “forte desejo de viajar”. Ao viajar sozinho você se obriga a descobrir, a se virar, a arriscar, a errar o caminho e depois acertar, a falar com qualquer pessoa e a ter uma família provisória. Ou, se você não quer falar com ninguém, não precisa e pode ser um ótimo período sabático escutando menos a própria voz e conhecendo mais a si. Viajar é isso. Limpar a mente, a alma e aprender a dar valor às (grandes) pequenas coisas da vida. Seja sozinho ou acompanhado.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O encantamento vaquinha

Falei sobre a disputa de território do Nino e do Cristofer, agora, vou falar da conquista com o Jamal, meu outro gato (com voz do Chaves).


Na primeira noite de teste, Jamal, um gato malhado que costumo chamar de vaquinha, se aproximou, cheirou e disse:

- Ok. Pode ficar, mas eu também deito na cama!


E assim foi. O malandro felino testou vários lugares na cama, todos que ficassem confortável para ele, claro. Quem tem gatos deve saber disso como ninguém! Até em cima da cabeça Jamal se arriscou, mas em todas posições, tive que tirar, não por medo, mas por desconforto de nós dois. Só que o gatinho é tinhoso, meu Deus! Ele parece ter uma mola, tu tira ele da cama e ele volta no mesmo pulo! 


O que ele pensou? Esse rapaz aí é novo, então vou deitar com ele, não vai ter como me tirar, afinal, precisa conquistar minha ~querida~ dona. Uma hora, acordei e o Jamal estava todo esticado na barriga do Cris, não pensei duas vezes e tirei ele... na manhã seguinte o Cris disse: 
- Perdi o sono essa noite, não sei porquê

Eu sei, mas deixa pra lá! (Gato sambando em cima dele a noite toda, quer o que né?)


O encantamento do Jamal é verdadeiro, isso porque, meses depois, o Cris acorda num pulo da cama e diz:
- Acho que o Jamal lambeu na boca!
-Acha? Com certeza que fez, todos os dias antes de dormir ele faz isso comigo. Às vezes quando acordo também!

A partir daquele dia - da demonstração de afeto do gato vaquinha para o humano recém-chegado – o Jamal não deu mais sossego. Dorme no nosso meio (me destapando algumas vezes, só que agora, já não sou a prioridade) todos os dias. Acorda com beijinho e às vezes pede um colo ou se mete na frente do filme que estamos vendo, tudo em nome da atenção.

Jamal é um grude e o Cris ainda diz: Gosto tanto do Jamal, ele é o único de deixa a gente fazer o que quiser com ele (dando uma de Felícia).





quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O gato Nino


É a história de um gato nervoso e ciumento e de um homem que entrou na família desse felino e ele não gostou nada disso...


A primeira vez que meu namorado Cris dormiu n a minha casa, teve que passar por uma prova felina. Era sábado, tínhamos trabalhado o dia todo, estávamos caindo pelas tabelas. Eu sabia o que me esperava em casa (Imagina trazer um humano pra dividir a cama com três gatos e um deles, o mais velho, um ciumento de carteirinha!). Enfim, ambos  já se conheciam, o Cris já havia jantado na minha casa, só não havia dormido. Aquele seria o teste do nosso namoro - se o Nino deixar, a gente continua :p  
Chegamos exaustos, já havíamos jantado, era simples: banho e cama. Entramos no quarto (onde meus gatos também dormem) e... O Nino já demonstrou descontentamento. Miou resmungando, não escondendo o mau humor típico, veio correndo me encontrar e pedir afagos, mas nem quis saber da companhia que teríamos naquela noite. Foi um anjo (comigo). 

          Todos os dias, desde que me mudei para o meu atual quarto (depois que a irmã mais velha se casou) o Nino sempre fico comigo no banheiro durante o banho, às vezes tenta entrar no Box, às vezes fica se admirando no espelho. Porém, um gato enciumado nunca perde a chance de demonstrar que você está desapontando-o. Naquele dia, o Nino não participou do meu banho, me ignorou, deitou na cadeira dele e dormiu como se não houvesse visita.

         Sempre imaginei essa reação do Nino, há anos ele não era apresentado para um namorado da mamãe. E por isso, o Nino não lembrava como era ter que me “dividir”.  Além disso, várias vezes ele demonstrou o ciúme que sente. Se era novo para o gato a situação, pro namorado também era.  E o Cris, ainda por cima, tem medo. Juntou a fome com a vontade de comer, gatos adoram se sentir poderosos. E o Nino fez isso, no outro dia de manhã, o Cris foi ao banheiro e o gato também...  pulou na frente, entrando primeiro no banheiro, dando aquela desfilada no ambiente e depois saiu.
 Imagino o diálogo deles:
               - Este banheiro é meu, vou fazer o favor de te emprestar, mas use-o e vá embora!


Deixou o Cris fechar a porta e “pimba” pra cima da cama comigo e com a cara mais deslavada do mundo como quem pergunta:
               -Ok, quando vamos parar de brincar de receber essa visita?



Cris saiu do banheiro e Nino da cama, os dois não podem -  na cabeça felina, disputar o mesmo território.
Não “paramos” de receber aquela visita, como diria o gato.  E foi aí que começou outra fase, a fase do xixi... (mas vamos deixar pra outro dia)